sábado, agosto 11, 2012

Comissão indiana denuncia várias fraudes e ineficiências das sementes transgênicas

O clamor público contra a plantação de vegetais geneticamente modificados na Índia vem ganhando as manchetes do mundo desde 2010. Os argumentos contra os transgênicos foram classificados como "medos infundados" e "hipóteses sem fundamento" por parte da indústria de biotecnologia e de alguns setores da comunidade ruralista indiana. Agora o relatório da comissão parlamentar indiana da agricultura sobre transgenia e segurança alimentar, divulgado em 9 de agosto, trouxe algumas contestações destas "verdades científicas". Uma delas é um indicativo de corrupção e suborno entre a indústria de sementes e o governo daquele país para agilizar a aprovação da venda de sementes transgênicas.

A principal recomendação da comissão parlamentar indiana é que todos os testes de campo sejam realizados antes de prosseguir a comercialização de grãos geneticamente modificados. Algumas outras conclusões e recomendações importantes do relatório estão descritas abaixo.

O comitê ficou perplexo ao saber sobre as confissões dos co-presidentes da Comissão de Avaliação de Engenharia Genética (GEAC), eles assumiram que os testes solicitados pelo Supremo Tribunal para avaliar a "berinjela transgênica" não foram realizados por pressão da indústria e de um ministro para apressar a aprovação.

A comissão citou um relatório sobre "Alimentação Animal com transgênicos" realizado em 2008 que revelou um aumento no peso do fígado, testículos, gordura testicular e sanguínea em cordeiros alimentados com sementes de algodão transgênico. A comissão recomendou uma avaliação profissional destes desenvolvimentos através de um comitê de especialistas composto por patologistas e nutricionistas veterinários que analisem causas e conseqüências dessas modificações.

A comissão criticou o departamento de agricultura e de cooperação por não ter cumprido com as suas responsabilidades obrigatórias.O departamento também foi acusado de ignorar o perfil do agricultor na Índia onde 70% da produção é originada de pequenas propriedades em sistema de agricultura familiar, onde não há mecanização, sistemas de irrigação ou uso de agrotóxicos além de existir uma grande diversidade de cultivares já adaptados a este sistema.

Tais fatores trazem incerteza de rendimento e perda da biodiversidade na medida que as sementes das variedades tradicionais forem sendo substituídas pelas variedades transgênicas que necessitam da mecanização, irrigação e insumos para serem efetivamente mais produtivas e vantajosas. Durante a última década o algodão transgênico entrou na cadeia alimentar do indiano através do óleo de algodão, não ocorreu nenhum tipo de fiscalização a este respeito. A comissão cobra uma explicação do departamento de defesa do consumidor que segundo a mesma foi negligente no ponto de vista da proteção, pois o consumidor deveria ser informado que está comprando um produto transgênico.
Foi destacado ainda que os cultivos geneticamente modificados podem ter um impacto negativo sobre as necessidades de exportações agrícolas do país. O departamento de comércio disse anteriormente não existir uma demanda real para a exportação de transgênicos e que é mais rentável dar ênfase na produção orgânica tradicional do país, tanto pela não-necessidade de adaptação quanto pela valorização dos produtos orgânicos que são considerados "mais saudáveis" pelo senso comum.

A Índia, ou pelo menos parte dela, abriu os olhos para as novas tendências do mercado agrícola. O Brasil abriu suas fronteiras para as monoculturas transgênicas e isso não trouxe as propagandeadas maravilhas que foram vendidas aos produtores rurais. O custo/benefício dos transgênicos em muitas regiões não compensa, e os produtores só percebem isso depois de despejarem um bom dinheiro nas mãos das empresas que possuem os direitos sobre venda das sementes transgênicas e dos agrotóxicos específicos recomendados.

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